4 luni, 3 saptamâni si 2 zile

Penso que o cinema romeno é dos melhores que por aí andam e que muito havemos de aprender com ele. O português, por exemplo, tem mostrado ter várias semelhanças com o primeiro, em termos de estrutura e de espírito de filmagem. Esta grande obra, 4 luni, 3 saptamâni si 2 zile, de Cristian Mungiu, demonstra com frivolidade imensa a angústia de um aborto, o absurdo da fuga de um Estado opressor e de uma sociedade moralista, e a energia de uma amizade. É um filme que tanto capta a vida, com os seus medos, as suas alegrias e o deslocamento da realidade, como a morte, representada pelo aborto, pela decisão de não nascer. De facto, Mungiu reflecte sobre isso mesmo, se vale a pena nascer naquelas circunstâncias, naquele mundo tão, tão frio. Mungiu sabe filmar o frio.