Admira-me que Os Verdes Anos, a obra inaugural da "nova onda" / nouvelle vague portuguesa (que aqui se funde com um apaixonado neo-realismo italiano), piscando tão evidentemente o olho a Salazar e superando todo um sistema que era um entrave à evolução do cinema, não tivesse sido censurado. De facto, Paulo Rocha retrata com prazer e saudosismo (o eterno sentimento lusitano) o fim da adolescência, do devaneio e da liberdade e a entrada na responsabilidade e na rigidez do mundo dos adultos, de forma tão discreta como explosiva, como que com medo, como que com ousadia. Acima de tudo, destaco a câmara, límpida e íntima, prenunciando a nova camada revolucionária que estaria para chegar. Este O Verdes Anos vale muito a pena, ainda que não sirva como precioso objecto histórico-cultural, ou como mediador para saborear a música de Carlos Paredes na totalidade do contexto surgido.
O REGRESSO DE BUDD BOETTICHER, por Bill Krohn
Há 3 semanas
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