terça-feira, 18 de maio de 2010

Irreversible

Se Gaspar Noé já tinha surpreendido com Seul contre Tous, é com este Irreversible que o profeta, passe-se a ironia descarada e assumida, evangeliza o apocalipse do Tempo, com um pessimismo nietzschês tão grande como o seu ego. Irreversible é duplamente horrível e duplamente perfeito.
  1. Por um lado, ACABA o filme com a visão do branco, do nada, do vazio, do COMEÇO, sucedido pela visão de Éden, paradisíaca, idílica, utópica de um mundo sem ódio, sem violência, com respeito, com nascimento da pureza que a poesia de Beethoven expressa tão bem.
  2. Por outra, INICIA o filme com a visão do preto, de tudo que o nada da continuidade representa, do FIM que este caminhará, pela visão do horror, da frustração, da legitimação da fúria, da merda.
É contando o filme de trás para a frente que o realizador goza com a cara do espectador, preconizando a sua filosofia niilista, rejeitando a existência futura de uma sociedade plena e com os direitos humanos consolidados. Para Noé, vivemos no mundo do salve-se quem puder, no mundo do fim. Vivemos (porquê? para isto?), vivemos e morremos, e vivemos para morrer. Pronto.

3 comentários:

Marcelo Pereira disse...

Saiu, à cerca de um ano, com o Jornal e na altura peguei no DVD e não me despertou grande interesse. Mas já me disseram que se tratava de um filme imprescíndivel!

Abraço

Frederico Fellini disse...

Se tenho a certeza ABSOLUTA de um filme que vais dar desses 11s que dás, é Irreversible, acredita em mim

Roberto Simões disse...

É um dos meus filmes preferidos. Excelente, genial, perturbador, inesquecível.

5*

Cumps.
Roberto Simões
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