segunda-feira, 17 de maio de 2010

Brutti, sporchi e cattivi

Esta comédia (???) se sabe filmar alguma coisa essa coisa é a merda. Não levem a mal as palavras que digo, este é dos meus filmes preferidos, porém, podemos considerar que esta obra-prima de Scola é um precioso objecto de estudo para qualquer sociólogo de profissão ou curioso pelo estado do mundo, degradante, impuro, sujo, imoral, absurdo. O realizador capta a camada social italiana com exímio realismo, chocante até os dias de hoje onde se come mais e pior merda que esta retratada. É a sociedade-bairro-de-lata, a decadência dos antigos e a afirmação plena e honrosa da cegueira pelo dinheiro, da dependência e ignorância do mundo da política, da cultura e da própria humanidade. Todos personagens são umas "personagens", como se costuma dizer entre nós em conversa, em todas as personagens há um perfil de construção implícito perfeito, como se diz, é tão real que nem parece fictício. Apesar de obviamente ridículo, a prostituta que enche de orgulho a mãe com bigode, as crianças que dormem junto de um casal de namorados que fodem todas as noites aos berros, a velha caquética que todos querem ver morta e que reina aquele bairrozito, a mulher que caga e vai cortar a carne que vai servir de almoço, todos eles são reais, todos eles vivem demasiado perto de nós. Seremos menos feios, porcos e maus por não nos revermos nos seus comportamentos? É essa a questão que fica.

2 comentários:

Marcelo Pereira disse...

O filme preferido do meu pai, e tenho-o cá em casa e ainda não o vi. Ler o teu texto aguçou-me a curiosidade!

Abraço

Frederico Fellini disse...

O teu pai tem um excelente gosto nesse caso :) Vê que é fabuloso, mas não esperes... o esperável.