segunda-feira, 17 de maio de 2010

Gerry

Havia um ex-namorado que me dizia que eu devia estar num hospício por gastar o meu tempo com aquilo que ele considerava ser um filme para deficientes mentais. Ele falava de Gerry, de Gus Van Sant, e, claro, não sabia que falava. Não conhecia e seria incapaz de apreciar um Béla Tarr para poder dar o mínimo de valor a isto. A única coisa que não compreendo é a cabeça do realizador norte-americano, que gosta de alimentar mentalidades como a que dei exemplo no início do texto através de filmes-não-filmes como O Bom Rebelde, cheia de clichés e paneleirices, e depois se explode com uma obra-prima. Apesar de inspirar e expirar Tarr, como já foi dito, o experimentalismo de Sant atinge o limite e, sub-consequentemente, a perfeição, contemplando o deserto, filmando o que não é passível de ser filmado, filmando o nada, o vazio e a beleza que está no seu interior. É um tratado sobre a loucura, sobre o que é ser humano no seu limite, onde demonstra a sua realidade. E Gus acha que o Homem é naturalmente bom e altruísta. Lindíssimo, lindíssimo.

4 comentários:

João disse...

Por acaso não gosto, é um bocejo total. Aliás do que vi do Gus Van Sant detesto este e o Milk.

Abraço!

Marcelo Pereira disse...

O meu favorito de Van Sant. Um grande, grande filme, e uma fotografia esplendorosa. Muito bom, indeed.

Abraço!

Frederico Fellini disse...

João, quanto ao milk detesto também, mas este tens de repensá-lo urgentemente. Deixares-te levar, veres o filme com a disposição certa. A sério.

Marcelo, é também o meu preferido, curioso, porque Van Sant não conseguiu nunca atingir o sublime como consegue com este. Em muitos deles quase lá chega, mas é com a libertação deste filme que o plano da meta-física surge.

Roberto Simões disse...

Depois de ler o teu post acima, sobre o teu descuido narcoléptico de 2003, procurei por um apontamento sobre GERRY. Estamos de acordo. É um filme ....... incrível, excepcional. Van Sant é dos meus realizadores de eleição, GERRY é um dos filmes dele que prefiro, assim como LAST DAYS ou MY OWN PRIVATE IDAHO. Também gosto bastante de O BOM REBELDE, apesar de já saber o que dizem dele, mas enfim, não concordo.

Cumps.
Roberto Simões
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