segunda-feira, 17 de maio de 2010

Requiem for a Dream

Há uma boa solução para quem 1) gosta de se sentir pedrado, 2) gosta de sentir medo sem ver um filme de terror, 3) gosta de dramalhões. Essa solução chama-se Requiem for a Dream, que de requiem ou de sonho nada tem, aliás, basta lermos a excelente tradução portuguesa do filme para percebermos isso mesmo. Adiante. Este filme, quase que debutante, de Darren Aronofsky, sem dúvida um dos mais ousados cineastas norte-americanos que surgiram na década passada, é uma obra nata em retratar o Vício - o vício pela droga, o vício pela comida, o vício pela televisão, o vício pelas relações amorosas, o vício pela imoralidade. Há algo de contraditório neste trabalho - se, por um lado, o experimentalismo e a forma de Kubrick nos remetem para uma liberdade ligada aos impulsos do inconsciente, onde não há lugar para moralismos, por outro também vemos presente uma dura crítica aos estupefacientes. Melhor, à forma como nos servimos deles para fugirmos de nós, para fugirmos do amor. A humanidade de Aronofosky é a própria desumanidade que aparentemente lhe é característica, para o bem ou para o mal. É sem dúvida pessimista, um dos mais niilistas e trágicos e nietzschianos dos últimos tempos. A claustrofobia e o suor que o espectador pode sentir só são o reflexo disso mesmo.

3 comentários:

Marcelo Pereira disse...

Um dos melhores filmes de sempre, e pouco mais há a dizer. Fabuloso e asfixiante.

Abraço

Frederico Fellini disse...

Asfixiante é uma palavra certa. Aronofsky não se põe com meias tateias neste filme, faz o que tem a fazer e pronto.

BioMassa disse...

Um filme que com certeza me deichou angustiado do inicio ao fim com uma sensação ruim que parecia que não ia passar um medo uma angustia que parecia infinita